Hoje queremos apresentar-vos o autor de outro dos nossos blogs favoritos. Chama-se João Leitão e, como ele próprio se descreve na sua página web, gosta do movimento, do toque e da boa comida. Desfruta da boa companhia e dos beijos, gosta de pintar, fotografar, comer papas de aveia ou acender incenso!
Gosta de viajar e de experienciar o mundo como ele é, enquanto aprende idiomas, outra das suas paixões. Fala fluentemente português, inglês, espanhol, francês, árabe marroquino e consegue defender-se em 4 línguas mais!
O João já visitou mais de 100 países em todos os continentes do mundo: África, América do Norte, América do Sul, Ásia, Antártica, Europa e Oceania. Viveu em várias cidades portuguesas e em distintos países pelo mundo fora. Vive na cidade de Ouarzazate, no sul de Marrocos, e foi de lá que nos respondeu a esta entrevista:
Para começar, gostariamos de saber um pouco mais sobre ti. Como te descreverías em poucas palavras?
Sou uma pessoa muito positiva, sorridente e simpática. Excepto quando estou com a bolha. Aí fico positivo, sorridente e bruto.
Tenho um sentido de humor agudo e tenho a mania de querer despertar sorrisos nas pessoas. Penso que é o papel ingrato do palhaço de serviço. Mas a missão é motivante. Ainda estou por perceber se o fazer sorrir é para dar amor, ou para receber de volta. Seja qual for a razão, o sorriso é a melhor viagem que a nossa alma pode fazer. O destino final é a felicidade.
O que significa para ti viajar?
Penso que acima de tudo é curiosidade. Sou curioso por natureza e gosto de saber o que há para além de onde vivo. A vida é experiência, e quando viajamos é como que estivessemos na escola. O despertar emocional da viagem é também importante. Houve em mim durante vários anos, uma transformação interna que me levou a vários processos de encarar a vida, a morte, e eu mesmo. As viagens ajudaram-me a fugir, a refugiar, a entender, a amadurecer, a despertar, a procurar, a amar, a ser outra vez.
Já percorreste mais de meio mundo… Qual foi o país que mais te marcou? Porquê?
Todos os países me marcaram. Não querendo fugir à realidade da minha vida, penso que Marrocos, onde vivo desde 2006, foi o país que mais me marcou e mais me cativou, e me fez querer ficar. É o ritmo da vida, o sorriso das pessoas, a despreocupação despreocupada. O tempo tem tempo. O tempo ganha tempo.
Todos os países que tenham poeira, Sol, e gente sorridente fazem o meu género. Gosto de fazer amigos (conhecidos). Interagir com as gentes do mundo.
E recordas algum episódio que te tenha marcado particularme (positiva ou negativamente)?
Gosto de falar. Basicamente a comunicação para mim é primordial para conhecer um povo. O contacto com as pessoas e seu acolhimento, é um reflexo de nós mesmos. Por isso todas as conversas que mantive com pessoas pelo mundo fora, marcaram-me.
Durante as tuas viagens passaste por algum momento de maior tensão, em que inclusivamente tenhas pensado em regressar?
Eu viajo por impulso. Um dia estou mas no outro posso já não estar. Encurtei e aumentei várias viagens devido a me sentir bem ou menos bem. Faz parte do processo de entender a razão pela qual viajamos, ou pressentir que devemos seguir ou não. A chave para a vida é antecipação. O Kung-Fu ensinou-me isso.
Quais os melhores e os piores pratos que provaste durante as tuas viagens?
Gosto muito de comer. Tudo o que provo já sei que vou gostar. O que sei que não vou gostar não provo. Sou vegetariano desde os 15 anos, por isso como de tudo dentro deste estilo de vida. Penso que mesmo assim, leite de dromedária no Deserto da Mauritânia e leite de égua nas montanhas do Cazaquistão estão na minha lista TOP de: não bebo mais.
Uma experiência que recomendarías a qualquer viajante…
Recomendo a não deitar para o lixo a oportunidade de usufruir da nossa liberdade. Há muita gente que vive em países onde não é possível pensar em passar fronteiras e viajar. Apesar de eu achar que não é a liberdade física que nos faz livres, também penso que ela mesmo é um passo importante para atingi-la mais rapidamente.
Planificas as tuas viagens com muita antecedência? E normalmente levas o itinerário completamente definido ou vais improvisando no momento?
Quanto mais organizo mais sai ao contrário por isso tenho aprendido a não fugir à minha falta de desprendimento temporal. Há quem chame outros nomes como por exemplo deixar tudo para cima da hora. Deixo assim ir tudo com o tempo que deve ter. Faço a mala 1 hora ou 30 minutos antes de sair de viagem.
Como preferes viajar? De avião, carrro, a pé…
Gosto muito de viajar de comboio, barco e carro. Melhores momentos de comboio possivelmente atravessar a Trânsilvania quando era mais novo. De barco a viagem à Antártica foi Grande. Ou atravessar o Rio Amazonas durante umas 600 horas de barco e vários meses a parar em várias povoações da Brasil e Peru. De carro várias aventuras tais como atravessar a América do Sul, ou descer a África Ocidental, Islândia, Omã, Afeganistão, Portugal até à Russia, ou Europa até à Ásia Central, etc. Muitas viagens. Boas memórias.
Há algum objeto que te acompanhe em todas as tuas viagens?
O corta-unhas.
Fala-nos um pouco sobre a tua página web. Como surgiu? Como foi crescendo ao longo dos anos? E quanto tempo lhe dedicas atualmente?
Comecei no mundo dos sites em 2002 quando comprei o meu primeiro dominio web para instalar um projecto fotográfico que desenvolvi na universidade. Mais tarde foi apanhado por hackers e ficou desligado até hoje. Estou a tentar recuperá-lo neste momento. Em 2003 comecei a escrever dicas de viagem para uma comunidade americana de viajantes, e isso incentivou-me a criar o meu blog nessa altura. Mais tarde em 2006 finalmente comecei então com o meu projecto final de site dedicado a viajantes independentes chamado João Leitão VIAGENS. Desde Agosto de 2014 que me dedico ao meu novo projecto em inglês chamado de Nomad Revelations. Tenho ainda o site Marrocos.com ao qual dediquei muito tempo.
Para terminar, qual o teu próximo destino?
Voltei recentemente de viagem e como estive 19 meses fora, não quero ir a lado nenhum por enquanto. Mas como não quero, já sei que acabo por ir. E se for, acho que este ano vou tentar só África. Vamos ver… também posso ficar por Marrocos e ir todos os Domingos ao mercado aqui de Ouarzazate comprar fruta e roupa em segunda mão com a minha mana e a minha mulher.